sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Voltando da guerra

Quando os soldados vão à guerra, alguns voltam bem, outros voltam feridos, outros não voltam.
Assim ocorreu com os seis volumes que remeti pela TAP Cargo de Roma para o Brasil. Fui buscá-los em Brasília na terça-feira, 24 de novembro de 2009.


Dos seis volumes, quatro chegaram em bom estado: uma mala preta (à esquerda), um caixa contendo uma impressora dentro de um isopor (no canto da parede) e duas caixas de papelão (as que estão encostadas à parede). O quinto volume (a única caixa que não está encostada à parede) chegou danificado. O sexto volume simplesmente não chegou.

Provavelmente o quinto volume foi aquele que, depois de uma procura pela TAP Cargo, foi encontrado em Roma (os outro quatro estavam em Lisboa) no dia 16 de novembro. Parece que ele sofreu uma queda ou algum choque mecânico.



Voltou machucado, envolvido em muito "esparadrapo". O papelão ficou deformado. Ao abri-lo, encontrei os livros envolvidos em um plástico, que antes não existia.


O sexto volume, conforme disse, continua desaparecido. O grande problema é que a TAP não tem um código de identificação para cada volume. Veja-se abaixo a etiqueta colada em um deles:


No topo está escrito o código de consignamento ou AWB (Air Waybill), que é o mesmo para todos volumes: 047 97478636. Na linha logo abaixo vem o destino (Brasília, abreviadamente BSB) e o número de peças (0005, depois que o sexto foi extraviado). Na terceira linha há a cidade de partida (Roma, abreviadamente ROM) e a cidade onde se fez a conexão (Lisboa, abreviadamente LIS).
Essa etiqueta é igual para todos os volumes. Não há um código identificando cada volume. Se dois volumes se extraviam, como ocorreu comigo, a TAP sabe a quantidade extraviada (pois restaram apenas quatro), mas não sabe mais nada sobre os volumes extraviados.
Eis uma outra etiqueta colocada no mesmo volume:


Estão preenchidos a caneta:
o campo Air Waybill (AWB) com o código 047 97478636,
o campo "Destination" (Destino) com a sigla BSB (Brasília),
o campo "Total No. of pieces" (número total de peças) com o número 5
e o campo "Weight of this piece" (peso desta peça) com o número 72 kg, o que é falso, pois esse é peso total das cinco peças.
O campo "Total weight of this shipment" (peso total deste carregamento), que deveria conter o número 72 kg, está vazio.
Em resumo: também essa etiqueta não tem nada que distinga o volume onde está afixada dos outros. Nem sequer o peso desse volume foi colocado.

Para mim, isto é uma grande falha sistêmica da TAP, que existe independentemente do cuidado dos operadores: não há nada no sistema que distinga um pacote do outro. Em caso de extravio, encontrar o que se perdeu é uma missão difícil ou quase impossível. A companhia vê-se obrigada, então, a pedir ao cliente informações sobre o aspecto do que foi extraviado, como aconteceu comigo.

sábado, 21 de novembro de 2009

Carta simples

No Brasil, estamos acostumados com uma empresa de correios excelente. As cartas atingem todos os pontos deste país de dimensões continentais com uma velocidade incomum.
Quanto à segurança, mesmo as cartas simples costumam chegar ao destino. Quanto às cartas e encomendas registradas, não me lembro de algum caso de extravio.
Meu contato com os correios não é esporádico. A cada mês remetemos o boletim impresso "Aborto! Faça alguma coisa pela vida" a cerca de 3000 destinatários, e continuamente estamos expedindo como PAC os livros que publicamos e vendemos.

A impressão que tenho é que os pacotes que remeti pela TAP Cargo da Itália ao Brasil foram transportados como se fossem carta simples. Ao que parece, todos os seis pacotes possuem um único número de identificação: o código 047 97478636. Não há nada que diferencie um do outro.
Por isso, quando dois deles se perderam, a TAP soube que faltavam dois, mas não sabia qual eram os dois que faltavam. Por esse motivo pediram-me que eu fizesse uma descrição dos volumes e iniciaram uma busca louca pelos aeroportos do mundo.

Na Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), cada volume tem necessariamente um código próprio. É possível rastreá-lo pela Internet a cada dia até verificar se ele chegou ao destino.

O lamentável incidente ocorrido com a TAP deveria levar essa companhia a aperfeiçoar seu sistema de controle das bagagens. Acidentes acontecem. Mas é possível tomar precauções para evitá-los. Uma identificação própria para cada volume é fundamental.

Oxalá as bagagens sejam tratadas pela TAP como a ECT trata as encomendam registradas!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Uma possível causa do extravio

Recebi hoje da Sra. Gilberta, da Sea Air Transport, Roma, uma mensagem eletrônica em italiano, que traduzo a seguir:

"Informo que os cinco volumes partirão de Lisboa no vôo TP 4175 do dia 21 do mês corrente. A TAP continua a procurar o sexto pacote. De qualquer forma, alguma coisa de grave aconteceu em Lisboa. Parece que houve uma greve organizada no último momento e os volumes a embarcar foram deixados na pista abandonados, juntamente com outras bagagens. Espero que a companhia aérea TAP continue a investigar e eventualmente a ressarcir os clientes pelo dano sofrido."

Somente hoje, nove dias depois de chegar ao Brasil, tenho algum indício do que pode ter causado o extravio. E essa notícia não me veio pela TAP, mas pela empresa que a contratou em Roma para transportar minhas bagagens.
Creio que a TAP deixaria os clientes menos preocupados se lhes oferecesse imediatamente as informações disponíveis, seja sobre as bagagens, seja sobre as possíveis causas de sua perda.
O silêncio, sobretudo o silêncio prolongado, pode dar ao cliente uma sensação de desinteresse da companhia aérea pelo seu problema.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A história de um pesadelo

Perdi dois pacotes contendo livros e importante material bibliográfico para minha tese de doutorado em Bioética. A tragédia ocorreu assim:

Estava em Roma visitando bibliotecas e fotocopiando livros e artigos, a fim de levá-los ao Brasil e elaborar a tese de doutorado. Depois de tudo pronto, pensei em um meio de fazer todo esse precioso material chegar a Anápolis (GO), onde moro.

Tomei conhecimento de uma companhia de transporte em Roma, a Sea Air Transport SRL, dirigida pela Sra. Gilberta, que faz esse serviço em parceria com empresas aéreas, como a TAP. Fui muito bem tratado. No dia 28 de outubro de 2009, os empregados da Sea Air Transport foram até o convento onde eu estava hospedado para apanhar os seis pacotes, pesando ao todo 88 kg, contendo livros, fotocópias e uma impressora que usava nos trabalhos escolares. Um dos frades que me ajudou a empacotar o material, disse-me brincando quando a bagagem era colocada no furgão: "Esta é a última vez em que você vê essas bagagens".

A razão da brincadeira era óbvia para mim. Em janeiro de 2009 eu havia passado por um terrível pesadelo quando uma bagagem de um vôo da Bristish Aiways havia sido perdida em um aeroporto de Londres. A aflição durara do dia 7 até o dia 10 de janeiro, quando enfim a mala perdida foi reencontrada e enviada a Roma. Ocorreria isso novamente? Esse pensamento era capaz de causar calafrios.

Mas voltemos ao assunto. Eu deveria chegar de volta ao Brasil no dia 11 de novembro. Os seis pacotes viriam como "bagagem desacompanhada". Para que eu pudesse apanhá-la tão logo chegasse a Brasília, essa carga foi expedida pela TAP Cargo (um serviço de transporte de cargas da TAP) com muita antecedência, ou seja, no dia 6 de novembro.

No dia 11 de novembro, quarta-feira, cheguei a Brasília no vôo TP 173, por volta das 7h10min. Havia feito uma conexão em Lisboa. A viagem transcorreu bem, graças a Deus, e as bagagens de mão chegaram intactas. Também as duas grandes malas que trouxera no mesmo avião (bagagem acompanhada) chegaram sem problemas.

À minha espera, do lado de fora do aeroporto, estava um amigo meu que viera de Anápolis para buscar-me. Viera, não em um carro qualquer, mas em uma camioneta. Afinal, além da bagagem que trouxera comigo naquele vôo, seria preciso levar para Anápolis seis pacotes de bagagem desacompanhada, que já deveriam estar esperando por mim há muito tempo.

Depois de cumprimentar meu amigo e levar as bagagens que trouxera até a camioneta, o próximo passo foi procurar os pacotes que a TAP Cargo deveria ter trazido. Informaram-nos que, em Brasília, quem quem entregava as as cargas desacompanhadas da TAP Cargo era uma empresa chamada SATA (Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo). Dirigi-me ao escritório da SATA e informei o código de consignamento: 047 97478636.
O empregado procurou nos papéis e nada encontrou. Digitou o número do sistema e deu-me a trágica notícia: "Dois de seus pacotes foram extraviados em Lisboa". Os outros quatro não foram remetidos ao Brasil, mas ficaram em Lisboa.

O anúncio caiu como um raio. E agora? Que deveria eu fazer? Deixei meus contatos com o escritório da SATA a fim de ser informado tão-logo os pacotes aparecessem. Tentei pegar os contatos da SATA, mas o empregado disse que infelizmente eu só poderia falar com ele pelo celular. Não havia um telefone fixo? "Sim - respondeu ele - mas está bloqueado. Só recebe chamadas". Tive a impressão de que a SATA era uma empresa à beira da falência. De fato, visitando o sítio da SATA, encontramos logo abaixo da página inicial: "Em recuperação judicial". Para quem não sabe, a recuperação judicial é a última chance que o Poder Judiciário dá a uma empresa que não consegue saldar as suas dívidas.

A situação parecia caótica. Havia perdido dois pacotes (quais dentre os seis?). E quem poderia no Brasil dar-me notícias sobre eles era uma empresa (a SATA) que mal se conseguia equilibrar financeiramente. Quando saberia - se é que saberia - alguma coisa sobre a carga extraviada?

Os dias foram passando e a aflição foi aumentando. No sábado, dia 14, resolvi apelar para a opinião pública. Enviei para minha lista de amigos uma mensagem eletrônica solicitando que escrevessem para a SATA e a TAP Cargo pedindo uma solução para o meu angustiante problema. Prontamente, dezenas de mensagens chegaram até ambas as empresas.

Na tarde do domingo, dia 15, recebi um e-mail de um empregado da SATA em Brasília dizendo: "Gostaríamos se possível que nos descrevesse os volumes para facilitar a localização". Prontamente respondi dando a descrição de cada caixa segundo a minha memória.

No dia seguinte, segunda-feira, dia 16, telefonei para o responsável pela TAP Cargo no Brasil Sr. Pedro Mendes, no Rio de Janeiro [(21) 3398-6500] e enviei-lhe um fax com os detalhes dos pacotes perdidos.

Os amigos internautas encheram a caixa postal da TAP Cargo de mensagens. Um deles, confundindo a TAP com a TAM escreveu uma mensagem com o assunto: "O que a TAM (sic) tem a nos dizer deste extravio?". Em resposta, o empregado Aldo Zanotti, da TAP Cargo na Itália, confundindo meu amigo comigo, escreveu, ainda na segunda-feira:

Exmo. Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Antes de tudo, lamentamos muito pelo acontecido, mas desejo esclarecer algumas coisas:
1)TAM não entra neste problema.
2) Posso garantir que Tap Cargo esta a fazer tudo o possivel quer na Itália quer em Lisboa, para encontrar os 2 pacotes em falta .
depois um outro inventario solicitado por nos em FCO. HOJE as 10.05 foi encontrado um dos dois pacotes em falta!
3) Ha uma equipa da Argol. handling agent da TAP no Aeroporto de Roma a controlar esquina por esquina.
Espero a breve possa ser solucionado definitivamente este problema.
Não eh raro que carga seja extraviada para o escritorio "lost and found " mas o primeiro inventario foi negativo.
Todas as informações foram sempre providenciada a Sea Air Transport em FCO , Sra Gilberta , que eh a nossa Cliente directa.
Não eh costume escrever directamente ao destinatario pois este contrato de transporte eh entre a TAP e a Sea Air Transport em Roma.
Isto para esclarecer muitas duvidas e responder a dezenas de email que, não sei se o Sr estar informado,
estamos a receber de Seus amigos o estudantes em relação ao extravio, com afirmações pesadas , inexactas, inutilmente criticas contra a TAP.
Não precisamos de incitamento nenhum para resolver este problema , eh suficiente a nossa profissionalidade depois decadas de trabalho no sector.
Avisaremos a Sea Air Transport de Roma com a qual estamos em contacto continuo, de qualquer novidade no asunto.
Melhores cptos.


Na terça-feira, dia 17, recebi uma mensagem eletrônica da Sea Air Transport pedindo que eu assinasse uma autorização a fim de que fossem remetidos os cinco pacotes encontrados, antes de ser encontrado o sexto. Prontamente respondi dizendo que autorizava a remessa.

Na quarta-feira, dia 18, recebi um gentil telefonema do Sr. Pedro Mendes querendo confirmar meu desejo de que a carga fosse enviada ainda incompleta. Respondi-lhe que sim, pois dependo desse material para trabalhar na tese de doutorado.

No momento, estou esperando por duas coisas:
a) a remessa dos cinco pacotes a Brasília;
b) o encontro do sexto pacote, que continua extraviado.

Todo esse sofrimento me faz pensar na aflição que Nossa Senhora e São José experimentaram quando se desencontraram com o Menino Jesus, que ficou no Templo de Jerusalém. Quanta dor os dois devem ter sentido! Pois até o extravio uma bagagem de livros e papel me aflige tanto...

Ao leitor rogo orações para que nada se perca. Sobretudo para que nada se perca de nosso sofrimento. Que Maria Santíssima, a quem confiei todos os dons recebidos de Deus, administre fielmente cada um de nossos gemidos neste vale de lágrimas.

O escravo de Jesus em Maria,
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

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